domingo, 20 de maio de 2007

off

blog desativado.














achar novo no orkut.

sábado, 19 de maio de 2007

quiet.


" a boca crispada dizendo bem feito"


_ A. Dentini_




ela olhava o céu e parecia que o mundo cobria-se de azul e amarelo. não compreendia como as cores podiam virar um manto.e o vento, que não tinha, seria apenas a alma de um deus que ela ainda não conhecia. andava devagar, porque já tivera pressa. encontrava pessoas com rostos riscados, isto não a assustava mais. de uns meses para cá, Sofia andava meio desencantada com as coisas. nem a primeira estrela no céu lhe fazia ter vontade de pedir algo, fazer um desejo. a verdade é que ela estava cansada. as pessoas tinham sido tão más com ela quando tudo que ela fizera fora amá-las mais que tudo. certa vez uma cigana lhe disse ser 'uma corajosa domadora de unicórnios brancos', mas agora os unicórnios desapareceram e ela ficou só, com uns chifres sangrentos nas mãos. ela queria correr pra longe. correr até não ter mais pernas. mas não conseguia, Sofia estava dopada de remédios que traziam lembranças tão lindas-dóídas que só podia caminhar. às vezes ela encontrava uma pedra. sempre tropeçava, sempre. mas depois pegava cada uma dessas pedras e as guardava no bolso. talvez a ajudassem a terminar como Woolf. Logo lá na frente havia um lago. Pronto, seria lá mesmo.


Mas ao chegar ao lago, e encostar os dedos gelados nos lábios da água, viu um reflexo. Não era o seu, mas viu. Aquilo foi a coisa mais assustadora que Sofia vira em toda sua miúda vida. Ela, naquele momento desistiu de tudo. Ao desistir de tudo, ela acreditou no existir. Mas de longe, muito longe... a voz daquela cigana com cabelos feito noite soava e dizia 'bem feito... bem feito...' Sofia não sabia o que ela queria dizer com aquilo... se o que ela (não) fizera fora bem feito ou se queria aborrecê-la. Sentiu então um calafrio por todo o corpo e correu. Sofia correu.





e corre até hoje.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

rivotril.


hoje eu achava que não virias à mente. pois bem, a médica fez questão de lembrar.


não estás dormindo bem, não é?
-não.
-hum.
- acordo muito durante a noite.
- vou trocar o Apraz pelo Rivotril.
- RIVOTRIL?
- é, por que?
- nada.



incrível como o mundo conspira contra.

sábado, 12 de maio de 2007

carta ao ego ferido.


Que pingue em mim o suor so teu esforço fingido. Caindo pela minha testa, queimando meus olhos, molhando minha boca seca de vida. Vá escorrendo e passe por entre meus seios, lugar onde é tua morada desde sempre. Que desça, parando no meu umbigo, mundo perdido que abriga todos os meus segredos murmurados pelos lábios brancos da angústia. Em minhas entranhas há garras forçando-as. Fazendo-me sorrir um riso desesperado. Contorço-me feito uma borboleta enjaulada. Redoma de vidro, platéia-zumbi. A dança macabra do meu sangue. Correndo feito louco, uma maratona! Afoguem o coração. Mãos de chumbo tentam meus olhos fechar. A rima pobre dos meus versos come o bicho dos olhos teus. Tiro-te a vida, tiro-te a beleza. Que restes feia, impura e burra. Venha servir-me a mesa. Porque na minha história, eu te faço servil. Sem tua coroa, teus perfumes e teu canto. Aqui és humana, quase bicho. Te cuspo na cara. Deixe que a saliva minha te perverta os sentidos. Assim como fizeste outrora comigo. Matando-me no gozo do teu veneno letal. Faço amor na tua frente. Platéia burra, demente! Ouça meus gemidos de prazer, veja meus olhos revirados, meus seios endurecidos. Tudo aquilo que foi teu, energúmena. Quanto eu era coberta pelo véu de poesia pura. Hoje eu quero sujar cada pedaço branco. Marcar em cicatrizes, bem na tua fuça, todo o meu pranto. Quero que sigas marcada. Que te olhem e gritem : "Olha a puta ingrata! Já foi rainha e até beata, hoje come com os porcos e faz amor com as próprias unhas. Imunda!"

quarta-feira, 9 de maio de 2007

primeira carta para nunca ser entregue.



"O corpo da amiga na sombra é um mistério de Deus
É teu corpo, amada? são teus seios, é tua clara clara risada
Na sombra? não fujas... és um... um nenúfar
Aberto à água mansa."
_V. de Moraes_




Eu só estou escrevendo porque eu precisava dizer que se você aparecesse hoje eu ia te dizer tanta, mas tanta coisa. Porque eu tenho um monte de coisas pra falar mas eu sei também que quando você aparecesse eu ia ficar tão nervosa que todo esse monte de coisas que eu tenho pra falar desapareceriam como balão de gás em forma de coração no céu.

É que eu preciso de você. É, acho que esse é o principal. Eu preciso de você. Mas não é aquele preciso igual eu precisava chupar o dedo pra dormir. É um precisar como quando eu era bebê e precisava do leite da minha mãe pra viver. Um precisar que depois de um tempo passa. Mas enquanto esse tempo não chega, é mais necessário que qualquer coisa, entende?

Tem vários negócios que você precisa saber. E eu estou falando nessa linguagem de dia de semana porque é assim que as coisas vão saindo. Então, esses negócios não são coisas sérias. São bobagens que acontecem na minha vida que eu gostaria de compartilhar com você. Como, por exemplo, no dia em que eu sonhei com você e que a gente andava por um parque de diversões e você tinha medo de ir na roda gigante. Aí então, eu tirava forças de não sei onde, e te carregava (e você ia se debatendo toda nos meus braços) e te levava até a roda gigante, que tinha os bancos em forma de morango. Estávamos nós no banco de morango e eu começava a te mostrar a cidade. Cidade essa que não sei qual era, mas no momento era a minha cidade. Te mostrava tudo, tudinho mesmo. Você olhava e depois fechava os olhos e agarrava as minhas mãos porque estava morrendo de medo daquela altura toda. Quando saímos de lá, fomos comprar sorvete. Você comprava um de um sabor que eu não conhecia e que só existia lá naquela cidade que era minha. Não me pergunta como você conhecia esse sabor que nem eu sabia. Você se lambuzava toda e eu tinha que limpar com a barra da minha blusa porque a gente tinha esquecido de pedir lencinho pro moço do sorvete. Nós andávamos por lá. Depois fumávamos olhando pra praia - porque o parque era na beira da praia- e você dizia 'meu, eu queria mesmo era ser uma onda'. E eu acordei.

Então, são negócios bonitinhos como esses que eu quero te contar. Sem falar que preciso saber como você está. Sei que deve estar alegre nos músculos do moço-que-eu-não-devia-nem-ter-mencionado, mas eu sei que às vezes você deve ter seus momentos de fossa. Aqueles momentos em que dá vontade de ligar o foda-se pro mundo. Ou aqueles outros em que só se quer abraçar o travesseiro e chorar. Mesmo que só por dentro, como eu. Queria que você soubesse que em momentos como esses você pode me ligar. Nem que seja pra ficar caladinha enquanto eu tagarelo ou mesmo que fiquemos, as duas, num silêncio só, ouvindo a respiração até que se acabem os créditos. E se você não tiver créditos pra me ligar, pode me dar um toque a cobrar, eu arranjo um jeito de te ligar, nem que eu leve uma surra da minha mãe depois. Não me importo, realmente. e ah! você pode me ligar também quando estiver pulando de alegria e tiver vontade de contar pro mundo todo, inclusive pra mim, o quanto você está feliz. Eu posso estar lambendo o fundo do poço na hora, mas sorrirei de volta porque a sua felicidade paga a minha fiança. Fiança essa da Cadeia da Tristeza Profunda.

Eu acho que era isso que eu queria dizer. Espero que você leia isso aqui um dia, porque eu sei que nunca vou mandar pelo correio e nem amarrar na patinha de um passarinho pra bater na tua janela e te fazer acordar. Vou deixar aqui, pra quem tiver paciência, ler. Talvez um dia você caia nesses lados e pare justamente aqui. Se o fizer, me deixa saber.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

a musa diluída.


pedaços de pele na calçada. arrasto-me sem querer. presa no mundo dentro de mim. abrigada no umbigo. amargo descendo pela garganta. nem isso dilui tudo. quero explodir. e levar vocês todos comigo. morder o travesseiro e pintar as ruas de vermelho. sujar a frente da tua casa com palavras de dor prazerosa. não sei quem és tu, na realidade. tu, esse (a) pra quem estou escrevendo agora. também não importa, talvez seja eu mesma. subiu da terra um monstro terrível. com dentes afiados para roubar-me o sangue. deixou-me seca e fugiu sem dar adeus. eu me despedi sem ele. bebi o que havia no chão. e aí, morri. acontece que o líquido era a musa diluída. como veneno, infiltrou-se nas minhas vias. deixou-me tão doente que acabaram por costurar minha boca para que eu não mais sorrisse. meus dentes calaram-se.

até que em minha garganta meteram o dedo. eu solucei tanto até te vomitar! tive convulsões e desmaios mas, por fim, vomitei. Não saiste toda, é verdade. Mas hoje só te quero como a lembrança de algo que foi do falso ao vital.






Hoje, eu renasci.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

a fome que me alimenta.


eu estava ali. parada. defronte a mesa. minha barriga cantava a música dos famintos. olhava para um lado, para o outro. nada. foi então que caí. já com os lábios beijando o chão manchado, então, de vermelho, que senti o teu gosto. aquele gosto agridoce que entra na minha boca, dança com a minha língua e rasga a minha garganta. comi como quem não come há 16 anos. ávida e feroz. mastigava com gosto, sentindo-te romper-te no espaço pressionado dos meus dentes. creck. creck. creck. tu gritavas como uma onomatopéia. ou uma centopéia, perdendo as perninhas.


quando eu engolia, ias arranhando minhas paredes internas com tuas unhas roídas. fazendo sangrar tudo. queres mais suco de morango, amor? e o sangue-suco te banhava. deixavas-te lavar por ele porque não tinhas mais outra escolha assim, toda mastigada. e os sucos gástricos. e os vermes que tenho por ter ostentado um vazio tão grande por tanto tempo. todos ajudando-me a te corromper, decompor. até que meus olhos choram. derramam aquilo que não pude engolir. e lá vais tu, correndo pelo meu rosto. mas bebo tudo de novo e o ciclo se renova.






passaram as horas, o doutor chega.





- infecção alimentar.

terça-feira, 1 de maio de 2007

arca de não é.


"Noah's ark came to my house one day
With all of his animals and took me away
Oh Noah's ark came to my house one day
With all of his animals and took me away"

_"Noah's ark", Cocorosie
_



Hoje é dia do meu dilúvio e não tenho nenhuma arca. A chuva não molha o chão, eu absorvo com meus póros abertos cada gota suicida. Descendo por dentro de mim. Beijando minha carne vermelha, dessas que tu nunca vais comer. É como cócegas de dor. Vão fazendo-me sorrir pelo fato de afirmarem minha vivência. Até que as gotas suicidas tenham juntado-se, todas, e formado um grande monstro lacrimejoso. Aí, então, transbordo. Vou, involuntariamente, expulsando de mim as mortes líquidas. E é tu, é tu que derramo. E o nível sobe aos meus pés. Meus joelhos marcados de lembranças. Meu ventre, onde imaginei tua língua tantas vezes. Meus seios, onde deitei tua cabeça e fiz-te dormir sem que soubesses. Minha garganta, que fiz sangrar de tanto gritar teu nome por dentro. Minha boca, que te declama versos todas as noites (até nos entressonhos!). Meu nariz, que aspira o teu perfume imprimido na minha pele.Meus olhos, que ainda miram a tua foto no que sobrou. Então, o mundo todo enche-se de ti e ninguém mais pode respirar. Todos te engolem e sufocam. Matas cada um de um jeito que só sabe que já morreu uma vez. Dilúvio meu que é todo teu. Mas não, aqui não tem arca.

segunda-feira, 30 de abril de 2007

salve salve, culpado do sorriso.




leva-me para esse teu mar, caro amigo, caro jorge, estou em perigo. aqui os ventos pararam e não mais consigo voar. mas sei que soprada pelo vento que te infla a pansa, posso tentar. abro os olhos e deparo-me com as mesmas imagens que me fizeram rastejar. mas aí, como uma chuva no sertão, tu apareces. colorindo de vida os meus lábios, fazendo meus dedos gladiadores céleres. a poesia despida de maldade, enlaça teus cabelos e derrama-se por tua face. hoje a vida sorriu-me um pouco e foi de ti que ela arrancou esse sorriso. e a droga maravilhosa que és, faz-me sedenta de palavras tuas. no mar de ondas bravas e brancas espumas, boiará nosso pensamento. pensamento que só é nosso por nosso não ser. como diz o firmamento. e dançaremos, fazendo inveja às Damas e seus cavalheiros gloriosos. Molharemos de poesia os chãos. Suor onírico de festejosos corpos. Ah, obrigada! Hoje estou bem e a culpa disto em ti está carregada.

ao Amor. à Eric.à Eros.


Sois a minha alma
Canto à tua Poesia
Nas margens de um rio sem peixes
Com cálices rubros
Rosáceas e perfumes
Olhos de gueixa

Voais tão longe quanto meus passos
Marcando com suspiros o meu viver
Deleites e entressonhos. Nossos
Lindos dias e noites
Teu alvorecer

Banhai-me uma vez mais!
Com tua seiva Amorosa
Arranca-me as plumas das asas
Enfie em meu peito a espada
Da tua Poesia de licores e respostas

Embriaga-me com teu profano ser
Asas marcadas por unhas de Amor
Um Amor que não é meu
Mas é nos vossos olhos que estou
Construindo luzes no breu
Nostalgia que em mim deixou

Nefelibatas, seguimos!
Manchando o Sol de vermelho-sangue
Bebo das tuas mãos de poeta-irmão
A vitalidade de uma vida por morrer
Amante de horas distantes
Ah, amado amigo
Em vós quero perecer









saudades, Eric, saudades...

sábado, 28 de abril de 2007

s-i-n-a.


As ruas hoje me procuraram pra contar uma história que tentava ser diferente. Soltei o peito e cantei pro mundo tudo que eu tinha guardado. Ele sorriu, o mundo sorriu. Não um sorriso bonito, com grandes dentes brancos. Era mais um sorriso sarcástico, daqueles que eu Te imagino fazendo. Eu percebi, pelo canto dos olhos. Mergulho fundo no que se pode dizer simbolismo decadente de Pessanha. Um pedacinho de Tayná em cada esquina suja não é nada bom. Mas amanhã o lixeiro passa e me leva pra longe do caos citadino. Eu amortecerei o mastigar de um mendigo, embriagarei um faminto e adormecerei a língua de uma criança. Servirei, enfim. Não, vocês não entenderiam. Nem a lua compreende. Mais tarde irei comprar Caio numa lojinha dessas que não têm quase nada. Será bom. Lerei 'Dispersos' em voz alta, talvez Tu escutes. No mar lá de fora eu Te derramei. Ah, meu amor, me ajuda a sair daqui. Os olhos do vento só não parecem mais assustados que os meus. Quem ousasse olhar-me agora ficaria sem durmir por umas duas noites. Angústia. Amar não cura amargura nenhuma. Cortem minha língua para que eu não mais fale. Abro-me em silêncio. Arranquem meu coração de mim para que ele não mais bata aqui. Mas que o sirvam para Ti. Ah, mas que merda, Tu és vegetariana. Não adianta tanto desespero. Não adianta tanto grito. Anda na água! Cospe fogo! Vira circo. Lá podes ser cigana e eu palhaço. Posso ser o Pierrot, Tu a Colombina e ele o Arlequim. Ou então, eu podia só assistir. Poxa, se tu trabalhasses no circo, eu viraria elefante só pra te acompanhar. Ou um leão, pra te abocanhar. Eu seria tudo mesmo sendo o nada. Cheiros de passado. Cores gastas. Papel rasgado. E as letras ficam marcadas no meu rosto. As peles cairam no chão. Camaleão, camaleão. Mata tua sede em mim que eu assassino a minha vida nos teus braços. Aço. Aço. Vibra em mim.

Poema à duas mãos.

Ainda vou me apaixonar por essa doença que vem dos teus olhos
Pra dentro de mim e se torna amor por ser tão câncer
E me alimenta de dor e medo por passar tanta fome
Depois de ver tuas fotografias, entendi o significado de Deus
Ele deve existir em alguma parte desse teu corpo febril e puro
Puro demais para sentir essa dor que nunca escondes

Ainda me perco em tua pele
Sem salvação ao derramar-me em teu corpo
Perfurando tua alma com flores
Caindo em pranto, pela ausência tua
No cálice do desejo nosso
Tão meu, que perco-me na loucura
De em teus braços, divina busca
Descansar a doença de minha poesia nua

Quero me vestir com tuas pétalas, flores saem dos ovos
Quebram a casca e a deixam pra trás
Tua pele quer nascer, por mim ela poderia cobrir o universo e as minhas paredes
Dá tua carne branca para meus negros devaneios indecentes
Tu és o cálcio de meus ossos
O sândalo que mancha de perfume o meu machado azul
O charme de tua tristeza revela-me a criança em ti
A lucidez te equilibra, quero uma queda sem fim
E um sorriso caso tenhas algum pra me dar

Então abra os braços!
Ouça o ruido das minhas asas
Nas ruas vazias de vida
No chão e nas vidraças
Estarei a observar-te
Colherás a minha vida derramada
No teu manto de virgem estuprada
Das viagens que nunca fiz
Posso subir até lá
Mirar as nuvens e te derramar até dormir
Ou gozar.
Ávidez planejada
Pedras marcadas
Uma ferida aberta
Subimos um pouco mais...

É assim que eu te quero, forte e instantânea
Com sabor de nuvens e olhos de lua
É assim que eu te quero pra mim
Suave e jovem como as noites mais tristes que já vi
Eu tenho ciúmes da solidão
Que anda tão próxima de você
Enquanto eu estou tão distante
Costure seus lábios no meu desejo
Porque ele é teu
E será sempre que quiseres assim
Domesticá-lo


(...)



Poema feito por Marcos Angeli [o gozo] e Eu [Tayná Borges]

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Para a musa que quis amar.


Hoje resolvi que não vou escrever pra Ela.


Não reclamo das minhas feridas que doem tanto sem que tu saibas. Nem das coisas que eu deixei de te dizer. Meus olhos de criança assustada fazem minha mãe chorar. Não chora, mamãe, não chora. Ela, então, colhe minhas lágrimas e planta um jardim tão bonito no quintal sujo. Não quis fazer isso, não quis te preocupar. Como eu poderia saber que não seria do jeito que todos queriam? É, eu não sirvo pra amar outra pessoa. Tayná, tu só és capaz de sustentar a vida de Aline. Enfim, sou é? não sei. Mas, poxa, eu tentei. Tentei ser o fio de cabelo preso nas tuas coxas, te protegendo do frio que eu não conheço. Tentei socar a minha cara várias vezes por não estar conseguindo. E desperdicei. Gastei tudo que podias ter entregado às moças tão geladas quanto tu. Olha, hoje a Lua tá tão bonita. Bati uma foto dela, escondida entre meus seios. Não, hoje eu não derramei por querer, tiraram de mim. Hoje não foi um dia bom, não foi. Queria um dia não querer mais nada. O cheiro de vida me faz espirrar. Naquele espaço existe algo alto demais para que consigamos escalar. Longe, corre. Me faz cuspir tudo que suguei de ti, faz! Beijo os pés do teu amor e agradeço por não ter sido a mais rara. Ah, o vento hoje contou-me coisas que não ias acreditar. " eles não fazem isso porque querem.", "ela tem que fazer uma lavagem", "esconda os remédios dela"... eles achavam que por estar de olhos fechados, eu estava domindo. Não. Eu nem durmo mais. Alguém quebrou aquele copo e eu bebi os cacos. Conte até mil e de novo, de novo, de novo. Faça um pedido ao vento que eu retiro do tempo tudo o que causei. Não há cura, musa, não há. Mas tu nunca me amaste, não do jeito que pensas amar. Não. Eu provavelmente não amei também. Mas é experimentando que se conhece o sabor. Quantas vezes já te mataram? É bom viver pra morrer, não é? Eu acho. Ma eu ainda acho que gostei demais de ti. Meu pretérito. Meu pretério mais que perfeito.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

estranho acaso.

Um dia eu te encontro. talvez daqui há 4,7, 10 anos, mas encontro. não sei como eu agiria. provavelmente, te observaria de longe. repararia em tudo aquilo que não pude até hoje. nas tuas manias, no jeito lindo que deves ter de amarrar os cabelos e no teu caminhar. ah, o teu caminhar! lento? rápido? não sei, mas reconhecerei na mesma hora. aguçarei os ouvidos para tentar alcançar a tua voz. deliciarei-me no teu sotaque que, com certeza, estará diferente do que eu conheci. os teus dentes imperfeitos e teu sorriso de musa doente. aquelas mãos tão delicadas, com unhas roidas ou não, acariciando qualquer parte alva do teu corpo. estarás sozinha ou acompanhada? fazendo nada ou esperando alguém? escrevendo ou cantando? fumando, definitivamente. percorrerei cada detalhe teu, beijando tua pele com os olhos e dando-te Amor com a brisa.

Quando me aproximasse, seria discreta. provavelmente, pediria que alguém desse-te um bilhete com algo como "estranho acaso". ficaria quase escondida, mas não tanto. num lugar estratégico. onde eu pudesse olhar-te e que, se prestasses mais atenção, poderias ver-me. sei que ficarias curiosa, posto que és uma das criaturas mais curiosas que já conheci (apesar de ser capaz de guardar segredos como ninguém!). olharias para um lado, para o outro, balançando os cabelos de entropia e fazendo-os dançar ao som da vida. irás atrás de quem deu-te o bilhete mas, por sorte, esta pessoa estará aconcelhada a apenas dizer : " é uma moça e uma ponte de suspiros." Ficarás irritada, bem sei. Eu, então, poderia dizer que mandaria entregarem-te um vaso de orquídeas mas, bem, não sei se terei dinheiro ou uma floricultura por perto. Realmente espero que não estejas esperando ninguém, para que eu possa saborear aquele momento do jeito que esperei por toda minha vida.

Penso, penso, penso e não sei como te abordaria. Abordar assim, de me mostrar mesmo. Sei que estaria trêmula e contendo-me ao máximo para não chorar. Vamos fingir, então, que estás mesmo sozinha, apenas ali à deriva. Eu chegaria tímida, dando passos lentos e curtos. Pararia na tua frente ou um pouco do lado e diria teu nome, com uma voz fraquejante. Levantarias os olhos e eu queria morrer agora para poder sequer imaginar a tua reação. Não esperaria que falasses, fingiria não estar tão abalada e perguntaria " não quer sair daqui e dar uma volta?". Se aceitasses, andaríamos. Caso estivesse quente, levaria-te para dentro de algum lugar refrigerado, visto que passas mal no calor (lembro de como me preocupava com essa porra de calor). Primeiramente, eu ficaria sem saber o que falar. Esperando que o decorrer dos segundos nos levasse à algo.

O que nós conversaríamos? Seríamos capazes de nos olhar nos olhos e não chorar? Poderíamos nos despedir, depois disto? Enfim, acho que diria que ainda te amo, roubaria-te um beijo (mesmo que ganhasse um lindo tapa na cara depois) e sairia de lá, deixando-te na mesa.


Andaria até a rua, despiria-me toda e jogaria-me na frente de um carro. Ou, subiria as escadas do prédio mais alto nas proximidades e voaria, sem minhas asas. Que teria deixado alí, contigo, na mesa dessa cidade que não conhecemos ainda.









"Aos caminhos eu entrego o nosso encontro" _C. F. Abreu_

terça-feira, 24 de abril de 2007

wake up, number 37.


hoje eu vi os cacos, derramados bem na minha frente. olhei uma vez, depois outra. na mente a vontade já contaminada. juro que tentava tirar os olhos dali. abstrair-me no timbre que doía em meus ouvidos. you're making that face that i like and you're going in in for the kill kill, for the killer kiss kiss, for the kiss kiss. eu cantava e tirava os olhos de lá. mas alguma coisa puxava-me e quanto mais eu resistia, mais aqueles pedaços de vida transparente, faziam meus olhos brilharem. então, não resisti.


lentamente -pois sou mesmo a pessoa mais lenta deste mundo- puxei as pernas para perto de mim. puxei pelas calças, como se não conseguisse mexer as pernas. desamarrei o primeiro laço, o do pé esquerdo. fui folgando o tênis. mais e mais. após este movimento simples, já estava só de meia naquele pé. minha meia é branca com alguma coisa escrita em laranja. é daquelas meias pequenas, que vão até o tornozelo. repeti tudo no pé direito. laço, cadarço, meia. parei, por um instante, para observar meus pés assim, nus e cobertos ao mesmo tempo. achei até bonito, um bonito sonolento (meias sempre me trazem a imagem de cama - e sim, Tu estás lá). então, tirei-as. apareceram os dedos. tão alvos que o vermelho das unhas parecia estar em neon. mexi os dedos e senti cócegas que quase me fizeram sorrir. mas eu disse quase.


enfim, puxei a blusa para baixo. a minha blusa bege mais parece um disfarce de asas. apoiei as mãos no chão sujo, esmagando uma formiga. reparei, neste momento, que tinha escrito no dorso da mão esquerda 'uma desgraça, meu amor'. um dia, um dia tatuo esta frase. achei que aquelas palavras eram como uma trilha sonora. e ao pensar nisto, tirei os fones do ouvido. you think the world is ending right now. soou longe. fiz novamente força nas mãos enfadadas e levantei-me. olhei ao redor. a rua estava agitada, carros cantavam com suas vozes simétricas, telefones e seus pássaros polifônicos, pessoas e seu caminhar pobre.


já com os pés completamende despidos, andei para a rua. desci os degraus da pequena escada e sorri para mim mesma. o chão estava morno. aqui nunca é frio. fechei os olhos e pus-me a andar mais. foi aí que então que o senti. senti o primeiro pedaço de vidro. cheguei a pensar em recuar, mas não, não! a vontade de marcar o chão com pegadas vermelhas (amor) era maior. aí inspirei fundo e baixei o peso do corpo naquele exato ponto. entrou, entrou fundo, rompendo as camadas de pele. um pouco de mim já começava a molhar o chão. comecei a balançar o corpo. pra lá e pra cá. je t'aime, moi non plus. mãos na própria cintura. cabelos beijando o vento. e os pés, os pés não paravam. ah, eu doia gostoso. tudo do jeito que eu queria. as pessoas na rua chamando-me de louca e eu a dançar ali, com os vidros. um, dois, três. um litro de uma vez. o chão cobriu-se de um manto vermelho e eu começei a fraquejar. cambaleava, cambaleava mas não caia. até que tentei pular, ou fui puxada por algo. e, perdendo o equilíbrio, caí.


de boca no chão e achando que o sangue era gozo, comecei a rastejar. enquanto rastejava, feito uma míope sem seus óculos, vi, refletido num caco, o teu rosto. céus, eu comecei a escorrer mais ainda. não tinha forças para virar-me, não conseguia. e eu sentia que ia explodir. oh, mon amour. joguei meu resto de força para frente e os cabelos para trás. num esforço desumano, virei o pescoço. paralisei. era mesmo tu, lá, a olhar-me junto da multidão. riste e com dentes amarelos disseste 'eu não me queixo, eu não soube te amar'.



então, virou de costas e eu só pude observar o branco da tua blusa confundir-se com os faróis acesos.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

love you forever, but you're driving me insane.


o mofo das esquinas. lá está o teu sorriso e os beijos outrora meus. correm por lá, também, as pernas que dexei de olhar, por estar abstraída nos teus traços coloridos num papel fino demais. ouço tudo aquilo que eu disse. te descubro como uma narcisista bipolar e depressiva. era tão melhor assim. e tu, querido, podes ter o sorriso e o sexo mas eu, bem, eu tive a dor, a fragilidade, os medos, as lágrimas. eu tive a vida e tu só tens uma máscara. não me queixo deste um ano e um mês. meu deus, me orgulho. esse tipo de orgulho que desce pela garganta e molha o chão. é tão claro. dias assim eu nunca vou perder, eles só acontecem uma vez no ano. durante horas de sufoco pagão, eu olho minhas mãos fracas e choro de medo. a poesia dói, dói muito. não quero mais jogar-me no rio de navalhas. não quero teu sorriso nem nada. quero o ventre meu e alguns cigarros. nascer pra vida, enquanto morro pro amor. viro páginas. sopro abraços. mas nada chega. nunca será o bastante. não é? será que lembras? não sei. não sei. provavelmente não. mas é na cama que mais te sinto. ah, meu amor, a felicidade te estraga.

domingo, 22 de abril de 2007

lá! viu?


naquela manhãzinha feia, eu vi nuvens em forma de dragão. eles incendiaram todas as minhas fotos, só ficou esse mural aí. com um pouquinho de tudo que me constrói. eu sei que faz pouco tempo que esse dia aconteceu. voam livres, os meus versos brancos. acordes perdem-se nos meus caminhos. chora, mocinha, chora. amor é pra isso mesmo.


nunca sabemos o que dizer nas horas em que devíamos dar um discurso. perdi quase todas as minhas roupas e vago pela casa ouvindo adriana até me sentir estuprada pela voz tão tristemente doce que ela tem. meudeus, como alguém pode ser capaz de quebrar o coração da adriana calcanhoto? tem gente pra tudo nesse mundo. mesmo.


tem até gente que me ama, sabia? é, juro. e olha! tem mais! tem gente que te ama, apesar de tudo. não é um absurdo? merda, esse é mesmo o mundo. mesmo-mundo-mesmo-mundo-mesmo-mundo. e não, sem tua presença esse mesmo-mundo nunca será o mesmo.




e olha, acho tão bonito:


ando esquecendo-te de manhã em manhã

tomando guaraná e ouvindo a Elis

sábado, 21 de abril de 2007

tayná, a velha safada.

sobe e desce
vê se desaparece.
na minha esquina tem sempre um caco
de vidro, o teu sapato.
a poesia marginal só corre
quanto mais te vejo
mais escorre
não quero mais ações eruditas
vadia
vadia
vadia.

odeio você.




era o fim, é o fim, mas o fim é demais também.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

enfim.


sobraram as migalhas. eu corri, corri e corri, tentando beijar o ar com os cabelos soltos. ouvi um murmúrio tão barulhento quanto os meus pensamentos em brasa. continua, continua. não pára. e as minhas palavras cuspidas fluem como flores mortas, arrancadas das raizes. se eu pudesse, não pediria. drenaria o sangue para fora de mim e alimentaria tua fome de vampiro.

calçadas descalçadas. meus pés nus dançam sobre as bolhas róseas da minha pele. aperto os espinhos do cacto e nada, nada. as línguas queimam no chão derretido e eu grito e grito esperando ecoar a tua voz. lembra daqueles livros que me indicaste? ah, pequena, lê esse, é tão bom, me inspirou tanto. e eu, feito um cachorrinho adestrado, ia correndo -sim, correndo- pra livraria mais próxima comprar o maledeto. e sabe, nem sempre eu gostava. mas lia, lia até o fim. beijando o teu jeito amargo de dizer 'cretina'.

e a sina? a sina? acabou assim, do nada? não me convences. continua a foder com a tua vida, como sempre. e isso é tão bonito. tu és tão linda em toda essa tua feiura descabelada e com sorriso esvaziado. e o estômago? o strogonoff de soja? as berinjelas? o chocolate? oh sim! agora é só cerveja. i see. mas, meu deus, e o lítio? acabou? que bom, que bom. ou não.

pergunto, pergunto sim. só porque sei que tu provavelmente nunca vais ler e sequer dar-se-á o trabalho de responder. e como uma menina resmungona, eu diria ' não queria mesmo.' ah, btw, escrevendo pra ti, fodo com a minha vida. mas me dá poesia, sabe? "todo poeta só é bom se for triste". é tão verdade que lembra dele. dele que tem um Ela que dói tão lindamente nele quanto em mim.









ah, hunny bunny, deixa disso e vai foder com aquele homem-músculo, vai.
mas ó, a delicadeza, é comigo.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

ah, meu, foda-se.


eu podia gritar todos os palavrões do mundo. vadia, escrota, filha da puta, boceta, putinha. nunca seriam o suficiente. nunca expressariam esse amor/ódio que só ele e eu podemos sentir. e eu cansei das palavras bonitas, pelo menos por hoje. quero não dormir e acordar cortando as gengivas.









enfim, é tudo feminino. feminino.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

o anel que tu me deste era de vidro e se quebrou.


Veloz e ácida, uma frase em mim permanece. corroendo e vomitando tudo por dentro. sou um mar de lixo, onde bóiam os ratos que procuram um pedaço de fungo. estás por toda a parte. marcando em grandes cartazes brancos, manchados de vermelho, as letras do teu nome. eu destruo a cidade-mulher na minha frente. não tenho culpa. nunca há culpa. ah. há?
Conjunto de palavras que trazem milhões de papéis picados. papéis cheios de tudo aquilo que deixei escapar pelos dedos. dedos melados,não de gozo, mas de saudade. porções mínimas de contentamento. Enquanto não me ouves, posso gritar. Naqueles sonhos-pesadelos há um quadrado preto. Qual era mesmo tua cor preferida? Bem, preto é mesmo todas elas. Assim como eu sou todo o amor de todos os homens e mulheres que te amaram. Sou também tudo aquilo que tu esqueceste de amar.
No teu deserto há tanto, mas tanto mar! O problema é que tua sede é por água potável. O muro? Eu destrui. Como Berlim, sabe? Levei meses-séculos para levantar aquele conjunto de tijolos e sangue para depois lamber tudo até o último grão. Pra te ver salvar, meu amor. Mas não adianta. Continuas assim, perdida no teu quarto de cortinas rasgadas.
Eu seria o verme da tua garrafa tanto quanto o brilhante da aliança. E o anel que eu te dei, em que dedo foi parar? Não há mais caminho nem casa. Só pedra. Só pedra. E não é daquelas que vende-se em lojas de materiais de construção e que viram algo altamente inflamável quando em contato com a água, não. Senão eu já teria explodido. Sopa de pedras. Tem aquela história e o meu jantar. Cai, arranha, leva.




não esqueço você.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

semi-plágio

- Passou um furacão por aqui.
- Foi? Nem percebi.
- Levou minha casa e livros.
- Ah, desculpe.
- Não há culpa.
- Me senti mal.
- É que não dá pra viver...
- Sem.
- Você.
- O que?
- Nada, me dá um trago?

(..)

domingo, 15 de abril de 2007

cais de caos.



na tua língua, que é tão parecida com a minha, caminhará as diferenças culturais. somos duas almas em um só tom. as ruas que não são minhas mostram tudo aquilo que já li, que já senti o cheiro só por palavras tuas. ouço o grave balançar do vento e o agudo cantar dos pássaros. na desenvoltura da nossa ginga poética. as letras correrão por entre nossos passos, embriagados de um licor tão raro quanto o sono. não desperdiçaremos uma noite sequer com os sonhos, estaremos ocupadas vivendo-os. contemplando o olhar triste da lua para as estrelas. suspirando o amor gélido do rio para com o céu. a dança maluca da lua na água e nossos corações, bailando ao som de Piaf.

ouves a minha loucura caindo no teu chão de mármore gelado? o jazz que vibra do outro lado da cidade é em teu nome. desfaço meus laços e entrego na tua porta tudo aquilo que perdi um dia. cava mais, cava mais. ah, tayná. há tayná. a tayná. não vive sem você, essa lua. nem brilham tanto, as estrelas solitárias. planetas atrevem-se a aparecer, mas aliens levam-os de volta para o seu sacro breu.

não ouse achar que um chá de sumisso é o melhor para nossa gripe. enjôo normal de quem muito se entregou. mate as vontades e escale esse poço de trás pra frente. a linha torta da vida minha, destigüe aquilo que ainda há-de viver-se. o suor preso nas veias, dançará no chão estrangeiro. sinta os ventos do amanhã, que o hoje não presta.

foge.



não despenteies meus cabelos

não desse jeito infantil

tu, que me arrancaste os pelos

morre hoje, nua e vil.


contra as páginas que só passam,

eu escrevi o teu nome

rasguei as linhas, uma por uma

fiz do meu sexo o teu homem.


deixaste nas ruas uma pegada

daquelas que nunca vi

meus pés não cabiam nela

meus pés só andam pra ti


corre pra além de mim

oh nefasta e indolente!

quero-me livre do teu desespero

não sou mais sol, só poente.


com pedaços de poeta quebrado

construo o mosaico da minha parede

cato o teu lixo e beijo os teus calos

ah, tu...



meu destino é mesmo este.

sábado, 14 de abril de 2007

a anti-medicação.


até mais. ou menos. quantas vezes terei de beijar os mesmos pés? na loucura solta em passos de valsa, eu vivo. olhos pra cima e pescoço livre das cordas. tirem de mim o que nunca me pertenceu. oh cores de manhã preguiçosa! mataram meus filhos, um a um. uma imagem devastadora que comia com as pinceladas. camadas e camadas de petrificação do sangue e dos sentidos. estou até o pescoço, entupida de inquietação. comendo letras e rasgando sílabas. num som distante de quem não corre mais. ouves aqueles pássaros mendigando a nossa canção? que coincidência, faltou luz. nos livros me perco entre os nomes. meus amores começam com vogais. na linha do meu caderno há mais vermelho do que em todo o teu corpo. derramo-te por meus póros e lambo o suor que é tu derretida. no caos dessa vida citadina, há mais para se ver do que pra fazer. um leque de inexperiências minhas, todas tuas. essa dor, essa falta d'harmonia não é charme. é cotidiano, querida. quanto mais se cava, mais perto do nada se chega. não deixe que a lua pare de brilhar nem que o céu deixe de ser daquele tom. se comparas membros, não temo. nunca viste mesmo os meus. amor não se pede. já viu alguém fazendo piruetas nos sinais vermelhos e pedindo em troca amor? ou uma placa de um cego em que se dissesse : "por favor, estou definhando há meses e não consigo sossegar o peito que arqueja em dor. ando tão necessitado, mas tão necessitado de amor. pode me ajudar, senhora?senhor?" eu nunca vi nem ouvi falar. mas ando tão cega e surda que pode-se entender...


na nuca minha, gravado o desejo que não pára de salivar em tua pele. fecha a janela, a cortina. não é mulher nem menina. naqueles olhos que não mais brilham o fulgor do novo e a espera do sempre. de traz pra frente, de cabeça pra baixo. as iniciais dando pirueta. e eu nunca mostrarei esses poemas malditos que gritam juntos como um coral de torturados. trituraram minhas vontades e as serviram com pequenas porções de vodca. embriagadas seguem as tuas pegadas. e eu também. sigo o risco branco no céu incolor. vê aqueles dois aviões? vão colidir.



mas não... não...







talvez instalem semáforos no céu.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

den battre mon coeur s'est arretê.


não preciso da saliva, quando tenho o amor. porque precisa ser assim? sem palavras, com dor. nas manhãs em que imagino a tua poesia invadindo minhas narinas, me entupo de pó. quero tirar de mim o teu perfume que está imprimido em minha pele. como deixar correr desse jeito? as águas páram e eu costumo dizer que está tudo de pernas pro ar. com o vento balançando minhas veias pra lá e pra cá. o sangue que escorre é tão denso quanto o óleo que mata os peixes. mas é vermelho, vermelho. nas margens do rio que banha meus pés gelados, encontrei pétalas de uma flor. não digo a cor, pra não estragar. alguém já cantou sobre olhos perdidos, alguém já escreveu sobre barulho de corações partindo-se. tudo nesse mundo já foi feito. menos tu. menos tu. tento achar no chão aquelas páginas que rabisquei num dia de chuva qualquer. tenho uma carta também. curta e densa. manchada com um pouco de vermelho. mas você não se importa, não é? desculpa meu modo de falar. assim, tão espontâneo. é que não consigo mais absorver a poesia que me inunda os passos. perdi aquela ginga de poeta que cheirava a Baudelaire. cuspi no céu e uma estrela caiu.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

pierrot.


estou comendo minha própria falta de ar. já reparou nas horas? dias sem medicação me deixam amedrontada. o homem atrás da minha porta tenta conversar comigo mas só fecho os olhos e choro. onde foram parar aqueles balões que comprei outro dia? estão no chão, pisados por minha própria inquietação. não quero rimar. quero tirar de mim tudo aquilo que se pode colorir. perde os teus pincéis que perco os meus cílios. ao vento grito nomes que decorei meses atrás. não desejo, invento. talvez em minhas veias ainda borbulhe o teu sangue, mas quem fez o pacto fui eu. a minha fumaça está mais densa e aos poucos vou descendo pelo ralo. tão vermelha quanto minhas pegadas podem ser. coceira nos braços. mãos lavadas de tanto enxugar. cadê você que não aqui? puxa, é uma saudade daquelas que não se pode medir. comece indagando a vida e você acabará morto. chaves na mesa e estou trancada pra fora. música lenta que vai nadando por mim, mordendo minhas veias e estourando minhas artérias. não feche a boca para calar o silêncio! não, não. não! há tanta negação nas minhas curvas tortas que nem tenho mais força pra levantar da cadeira que nunca sentei. não sei como alguém pode controlar. você. não. eu. no espaço que sobra entre dois miocárdios, há a tentação do nada. retornando a comer as páginas do que fora, por hora, tudo aquilo que se sonhava. a transitividade dos meus verbos continua pedindo por preposições. pontes que liguem meus suspiros aos teus. aparece na calada da noite e me leva daqui. sequestra meus sentidos e traz o êxtase de volta pra mim. quero águas refletoras. páginas limpas de linhas e céus sujos de estrelas. não brilhe tanto, criança, quero teu brilho só pra mim. não havia tanta nuvem no céu há dez anos atrás, não é mesmo? não sei, você nunca esteve aqui e não sei se nosso céu é o mesmo. aí o céu é azul. aí o céu é azul.












eu te desafio a sobreviver.







segunda-feira, 9 de abril de 2007

i can't live with or without you.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

rubro.

espera. recupera o fôlego. um suspiro.




quero luas e arpões

beijos loucos dançando alados

páginas de um pó, em toques

arrancando calendários.

sina louca de perseguir

em grande bocejo, leitos

comer as amêndoas brancas da tua pele

descansar um sono eterno, teu peito.

influindo suspiros

caminhando entre vulcões

sorvendo aos sonhos, seiva

veias soltas, perdões.

não esqueça da saudade

guarde em caixas e envelopes

vinho rubro do amor

bebo em largos, largos goles.

segunda-feira, 2 de abril de 2007


caindo demais, somos dois corpos sem direção. os pés tocam no fundo da saudade e sinto rasgar a pele. mesas de bilhar ofertando minha sorte em tacadas. nunca o mundo seria da mesma cor. a piscina é funda demais e eu tento arrancar as pedrinhas do fundo. os dedos no piano envelhecido, mudo. sombras do que nunca poderá se repetir. um poeta babando assim. todas iriam querer. vinícius beija meus lábios como na primeira noite só nossa. meu primeiro homem, ele. sorrisos e manias que guardo num canto escuro. esquecido. é cedo pra mais uma rima. não comece o dia com preguiça. tanta coisa incomum. aqueles gritos que vêm de sei lá onde, fazendo cócegas nas minhas orelhas. silêncios. me perdoe por não decorar aquilo que arqueja em teu peito. não tenho culpa. se fosse um crime eu fugiria da prisão. teu colo de algodão contornando os olhos em chamas. era tudo mais barato, quando a manhã era dourada.

domingo, 1 de abril de 2007

putine putini.

me larga
não enche
você não entende nada e eu não vou te fazer entender
me encara, de frente
é que você nunca quis ver, não vai querer, nem vai ver.

nós em nós.

começando na carne e saindo na ponta dos dedos. inicio um livro sem fim que começa no ponto final. arrastando as lágrimas no asfalto para ouvir a música do evaporar. não beije a parede. não converse com os dedos. é tanta ordem que eu me descubro numa bagunça de suspiros. devaneios. terminando os borrões do lápis a apontar. soltando gritos de adolescência calada. ela te ama, ama sim. não se questione, eu não sou daquelas que precise de um som no meio da noite. ar que é só companhia. maré alta, peguem seus barcos. quem ensina não tira.

4° dia.


- tem um copo aí?
-um copo de quê?
-sei lá, meu.
-não, aqui só tem água.
-porra, eu queria um copo.
-quebraram.
-e os de plástico?
-o fogo derreteu.
-quer um cigarro?
-queria ser fumaça.
-não, obrigada.



é difícil saber quem disse o quê. depois dos substantivos e pronomes roubados, sobram os travessões.

quinta-feira, 29 de março de 2007

1º DIA.

eu como meus próprios dedos.

terça-feira, 27 de março de 2007

underwater love.


palavras começam com uma frieza exata. não devia pedir desculpas mas meu tempo não me permite ver além do que meus dedos conseguem tocar. cada novo passo é uma alegria sendo cicatrizada. talvez dê pra levar, talvez não. só sei que não largo o fato de poder, agora, tê-la novamente ao meu lado. não do jeito que minhas entranhas pedem, mas tudo bem. o leite derramado invoca meu vômito. joguem fora o que vai perto. chamem um médico, ela está ficando azul. como as migalhas tentando buscar uma resposta. não tem mar nem muro. uma pena. eu também não, mas tenho asas. quebradas e lambidas. um suspiro a mais numa noite a menos. sorvendo lágrimas de prazer e mãos suadas. responde. como minha língua para calar meus pensamentos. é como outra linguagem penetrando meus sonhos. não acha lugar porquê não quer. luas adversas me mostrando um caminho que já sei. não é fácil acreditar que tudo mudou. quem me dera o que me tomaram? sobriedade em cada luva que não posso usar. febre de lucidez não me atinge. talvez no começo de uma vida eu estanque a saudade. corre por minhas veias e penetra meu ego solto. não se preocupe, amanhã o seu estará manchado de azul.
obrigada.

domingo, 25 de março de 2007

scheisse.


surgindo do que pode-se dizer uma aventura dos olhos. estou marcando meu espaço com beijos esparramados. não consigo mais voar sem triturar as armadilhas que cercam meus passos. os ratos não incomodam mais meu peito. os remédios caem como plumas no meu estômago e derreto-me em pequenas bolinhas brancas.

-como tu sabes que nada mudou?
-não consigo comer.
-pára de vomitar as entranhas...
-não dá pra viver assim.
-em outras línguas é mais fácil?
-só queria provar um gosto.
-o vinho estava envenenado.
-haha, too bad.


olhares clínicos e dentadas em sintonia. morde meu pescoço, fere meu âmago. sou tudo que o dia não podia. a rima velha vai corroendo o espaço entre nós. tudo torna-se pequeno, cápsulas. desce por mim que eu te guardo.

quinta-feira, 22 de março de 2007

as fases da lua de aline.

- hoje eu vi a lua.
- a minha casa estava vazia. porquê não veio?
- porquê ontem não tinha lua.
- nem estrelas.
- não gosto de estrelas.
- porquê?
- porque são muitas.
- qual era o nome dela?
- aline.
- bonito.
- não, comum.
- aline era comum?
- não.
- e bonita?
- mais que isso.
- eu tinha uma lua laranja.
- ela também. todas as noites.
- lá o mundo é azul.
- ela já escreveu isso.
- não é plágio.
- é continuação.
- eu sonhei com um abraço.
- só faltava uma ligação.
- no deserto dela tem mar?
- não.
- uma pena.
- talvez.
- mas ela não voa.
- não, não mais.
- aline morreu?
- aline é eterna.
- mas ela morreu?
- uma vez.
- ainda tá viva?
- não, hoje tem lua.

terça-feira, 20 de março de 2007

nem milagre nem mil lágrimas.


eu conhecia aquele cheiro. invadiu minhas narinas e eu fui ao céu mais uma vez. era tão cedo e minha vista começava a escurecer. não posso enganar corpos que não se encostam. talvez a música pare e eu possa dormir. serei tua até que eu renasça. tanto que nem sei o que dizer. cheiros que falam por mim quando calo a boca. queria ser uma gota de chuva, uma sombrinha, um protetor solar. as vozes continuam me chamando e eu lembro das ligações de madrugada e quando você dizia pra eu desligar. eu exclamava "sua chata!" e você ficava tão brava, prestes a desligar o telefone na minha cara. era tão bom, aquele medo que a minha mãe entrasse no quarto e me brigasse por estar acordada e no telefone. era lindo, poder ser idiota ao teu lado. afinal, é o jeito que mais gamas.tayná, cala a boca.

domingo, 18 de março de 2007

deite e exploda.


o relógio toca e eu vou embora. trocando as lâmpadas das minhas idéias. quantas taynás são precisas para trocá-las? não sei. dia e noite, noite e dia, o tempo é sempre o mesmo e meu cadarço está desamarrado. quero os teus dedos amarrando-se aos meus. don't you miss me? don't you miss me at all? eu queria sim que sentisses minha falta. uma palavra não faria mal. eu ainda lamberia tuas feridas. ainda esfregaria o vermelho caindo da tua boca. o quarto está apertado demais para a bola azul que ganhei. as ruas estão vazias de cor. esta canção em forma de prosa é pra te fazer viver mais um pouco. em mim o mundo acaba e renasce aos teus pés. uma flor que brota no prado doce do hoje. ela me pergunta se eu lembro do coração bom demais. e lembro, minha flor. mas eu sou assim e o sol já vai se pôr. eu fiz um poema pra você chorar. cair nos meus braços e nunca mais fugir. debaixo da água o silêncio dói mais. repito as palavras que caem dos meus olhos roubados. não sou sem a tua presença. não tenho culpa de não amar quem me ama. eu não sei mais o que pensar e meu vestido fica folgado. o enjôo e a pele cortada. sou carne no açougue. me coma.

quinta-feira, 15 de março de 2007

ik miss je.


é loucura demais, os certos diriam. mas quem pode prever quantas voltas o mundo pode dar? foram mesmo tuas últimas palavras pra mim. 'não diga adeus, o mundo dá muitas voltas'. e deu. encontro-me num estado de êxtase completo. querendo subir na paredes de tanta felicidade. sou completa novamente. sinto falta dela. estamos ligadas pela dor e brincando de mexer no nariz e fazer cócegas nas lágrimas. nossa, como estou leve. rabisco poesia até nos cadernos de física. deixas-me assim, sem razão. quero mais é me jogar fundo nesta banheira de saudade. encontro casa no teu abraço. ah, nina, estás aqui segurando minhas mãos, não estás? te sinto demais. quero deixar-te cuidar de mim. sentar do teu lado, desenhando estrelas e corações no ar, perguntando qual teu sorvete preferido. meu deus, como pedi para que aparecesses naquele dia. talvez tenha sido um sinal. não acreditava em destino mas apareceste na encruzilhada dos meus choros e brotaste um sorriso louco em meus lábios. sou toda tua, daqui pra frente. venha comigo que te levo aos céus, estrela.

segunda-feira, 12 de março de 2007

kill her later

raspem a pele até virar um pó feito o que a borracha faz com os rabiscos de lápis. lava o rosto e vai arrancando os olhos devagar. sinta o vermelho cair vagarosamente por teus dedos tortos. é tão encantador o mundo de cabeça para baixo. sentindo calafrios e subindo escadadas imaginárias. toquei o vento com uma flor sem pétalas e sobraram mortes em sequência. corte os braços e coma as mãos com talheres de prata. solte gritos húmidos de loucura seca. Regue os cigarros e plante bananeiras. o mágico tira uma cartola do meu coelho. se eu fosse willy wonka, morreria obesa.

domingo, 11 de março de 2007

a song to say goodbye

me despeço deste anel no meu dedo anelar esquerdo. quero distância daquilo que por hora me construiu. encontro-me só escombros e perco a chance de não mais viver. a primeira vez que morri tinha novíssimos dezesseis anos. por seguinte virei poeta zumbi que só sabia uivar para a lua com um reflexo de espelho quebrado. dentes separando as comida que me engasgava. poesia espalhada por minhas lajotas. dois aedos. teus cabelos de entropia enchem o meu quarto. sinto-me no perfume do teu caminhar e perco a noção do tempo. quero livrar-me da cor dos teus olhos vigiando meus passos. solto os cabelos na loucura do dia. quero que saia de mim o que restou de ti. rastejo em meu quarto tentanto abrir a porta com os dentes. sangro no vento doce de flores recém colhidas. passará devagar esta dor que me come os órgãos, mas passará. é hoje e amanhã e eu esqueço de não comer. amém.

sábado, 10 de março de 2007

i can't believe you did.

não acredito que você ainda existe. é feito parasita para me empregnar a dita saúde. não aguento mais ter de ver teu semblante lindo todas as noites. beijar teus lábios e lamber teus olhos que derretem até tê-los secos. porquê fazes isto comigo? tudo que fiz foi te amar. não peço nada em troca, apenas um obrigado . não consigo entender e são tantos nãos que pago pelos meus próprios pecados. acaba com a minha poesia célebre e me torna um breve cigarro na mão de pedreiros. oh princesa, dá um teco dessa saudade.

quinta-feira, 8 de março de 2007

tarde.



não aguento. as páginas passaram tão rápido que não pude engolir o pedaço de livro. nunca uma imagem doera tanto em mim. as ruas estão vazias, parece filme de faroeste. sei lá como escreve. hoje estou doendo muito para me preocupar com a gramática. céus, porquê há-de ser tão linda assim? porquê presentearam-me com um sonho tão lindo? ela chorou no meu abraço e eu disse que a esperava. porra, eu fui enganada pelo meu próprio ser. não aguento esses sonhos lindos que mais parecem pesadelos. sinto que não aguentarei mais um tapa desses. desatarei num falso laço e não mais aprenderei a falar. ouve a música que eu fiz pra você, é tão boba que nem sei por onde começar.sinta em mim a inocência desta que muito te amou. não é fácil aceitar que fui enganada. a dor do mundo cai sobre mim. meus olhos atinam fechar e eu dormi a manhã toda. ei, preciso de você. te ensinei a andar e derrubaste-me na hora da corrida. ah, o vento me contou um segredo que será para sempre só nosso. meus pés céleres destroem o chão de nuvens. caí num buraco e não sei mais levantar. os olhos cada vez mais tortos me avisam que a viagem está chegando ao final. eu devia mesmo era ter escondido-me nos escombros do muro que eu mesma derrubei. não fale alto demais, por favor.

quarta-feira, 7 de março de 2007

raindrops falling on my head.


ouço uma canção que vem de longe embalar meus sonhos. uma menina linda cantando baixinho pra tentar sumir com o medo. tentando esconder em suas notas um pouco desafinadas a dor que cai de seus olhos. uma dor tão transparente e bonita assim não devia pesar tanto, pensa. então chora mais. como foi que ela parou naquele lugar desconhecido, sem dinheiro e com um pirulito enrolado num papel porque a professora não a deixava comer doces na aula. ela seguia triste naquela rua onde nenhuma casa tinha um tapete de bem vindo. o vento soprava forte e perfurava seu rosto. feito cobertura de chocolate, ela desejava um abraço. totalmente onírico, tudo aquilo. é que falta alguém, minha querida, falta alguém.

terça-feira, 6 de março de 2007

let's find a place we both can hide.


pega as asas da defunta e voa pro meu abraço. bebe minhas lágrimas tão devotas, eu dou no seu vestido, o laço. canta pra mim, me carrega e me faz dormir. me diz que vai tudo ficar bem e que os fantasmas não aparecerão de novo. estou com tanto medo, acho que vou desligar a luz.
eu parei pra pensar e percebi que nunca consegui me concentrar de verdade. tanto que na hora em que eu relfetia sobre isso, pensava em qual vai ser a próxima vez em que irei para o cinema sozinha. não consigo mesmo prestar atenção. talvez venha daí o meu medo de aprender dirigir. quero mais é correr de noite, sentindo o vento cortar o rosto e pular alto quando um ônibus veloz passar banhando meu corpo de vento. ou lama. minhas costas doem, quero dormir no meu quarto de novo, pela última vez. sabe quando não se tem razão para acordar? pois é. isso mesmo, meu caro. é pretty boring dizer isso, mas é fato. e o que seria fato se não um pedaço de verdade tentando se desvencilhar da cobertura doce da mentira? sei lá. não é hora para ser uma pseudo-filósofa, tayná. ótemo, ela diria. quero mais que um abraço e flores, quero um pedaço teu desncendo por minha garganta. nossa! que violência! não, é que eu sou carnívora e sai de perto que não estou de dieta.

segunda-feira, 5 de março de 2007


i think you're divine.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007


olhava em direção ao nada, procurando um sentido naquilo tudo que a fazia afogar-se em si. vontade de rastejar por todo mundo procurando o que havia perdido naquele labirinto vermelho de outrora. a aurora chegava a cegar o brilho antigo dos seus olhos cor de amêndoa. as pernas dormentes e o cigarro quase a tocar o filtro. pensava, trabalhando seus músculos oculares por toda a extensão da paisagem. tudo seu, até onde seus olhos conseguissem tocar, era seu. viu, de longe, dois pássaros brincando de voar. o ar caindo por seus pulmões e mergulhando no seu interior. voaria em seu intestino se fosse uma célula. desejava retornar ao ventre. ao lugar divino onde nada soava mal, onde a aurora predominava. talvez ser exilada soasse como uma ótima idéia. "preciso de novos ares. melhor outro cigarro", sussurrou ao seu próprio ouvido. queria sentir o vento transpassar seu corpo como se não fosse nada além de um objeto translúcido. a luz penetrava suas entranhas e cortava sua pele para chegar ao outro lado. os cabelos negros e desengrenhados por conta do vento, dançavam. a lua começava a mostrar o rosto por entre as cortinas. amanhã será um longo dia, pensou ela. escovarei os dentes e esquecerei de tomar banho. escreverei alguns versos no meu bloco novo e acharei um braço aconchegante para passar a noite. o asfalto esfria e minhas pétalas secam.melhor eu ir, já é tarde. e se jogou.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007


sigo as pegadas marcadas com tinta vermelha na minha parede. o sino que tem badaladas sem fim soa nos meus ouvidos mal preparados. ela o algodão que colhe a seiva minha, dos sonhos. tinge minha pele de um rosa delicioso. espalhando amor por entre as frestas no azulejo do meu banheiro. sentindo no toque de cada palavra a corrente de suspiros embriagante. sorrisos são desenhados em meus lábios e só murmuro um nome nos meus sonhos irriquietos. quero soltar fogos e nomear estrelas com o nome dela. tudo numa continuação sem fim. interrogo meus sentidos e perco meu nome nas frases de efeito de alguém. dissolvendo no meu copo a pílula com de rosa rubra. bebo o eco da vida e engulo uma falta. é um lisonjeio ter-te como algo que pertence a meus versos. sonhos azuis de quem muito ama afoga minha cama. sinto as borboletas negras que saltam de meus cabelos entrelaçarem-se no novelo que é o ar do meu quarto.engulo nuvens e vomito palavras de devaneios loucos. trarei a lua em um prato raso de quem muito já se deu. ouço os gritos mudos dos inocentes atrás da casa com cheiro de fome. um olor de flor saltando dos teus olhos, mãos de anjo. tudo de ti e um pouco de mim. sentidos secos. quimeras oníricas pulando dentro de mim. inelutável vontade de cair em braços de algodão. dor de cabeça amenizada por luas novas. roubando estrelas debaixo das unhas e sorrindo para quem quiser ouvir. minha verborragia é tua e quero não mais olhar as estátuas de sal que deixei para trás.