sexta-feira, 13 de abril de 2007

den battre mon coeur s'est arretê.


não preciso da saliva, quando tenho o amor. porque precisa ser assim? sem palavras, com dor. nas manhãs em que imagino a tua poesia invadindo minhas narinas, me entupo de pó. quero tirar de mim o teu perfume que está imprimido em minha pele. como deixar correr desse jeito? as águas páram e eu costumo dizer que está tudo de pernas pro ar. com o vento balançando minhas veias pra lá e pra cá. o sangue que escorre é tão denso quanto o óleo que mata os peixes. mas é vermelho, vermelho. nas margens do rio que banha meus pés gelados, encontrei pétalas de uma flor. não digo a cor, pra não estragar. alguém já cantou sobre olhos perdidos, alguém já escreveu sobre barulho de corações partindo-se. tudo nesse mundo já foi feito. menos tu. menos tu. tento achar no chão aquelas páginas que rabisquei num dia de chuva qualquer. tenho uma carta também. curta e densa. manchada com um pouco de vermelho. mas você não se importa, não é? desculpa meu modo de falar. assim, tão espontâneo. é que não consigo mais absorver a poesia que me inunda os passos. perdi aquela ginga de poeta que cheirava a Baudelaire. cuspi no céu e uma estrela caiu.

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