domingo, 15 de abril de 2007

cais de caos.



na tua língua, que é tão parecida com a minha, caminhará as diferenças culturais. somos duas almas em um só tom. as ruas que não são minhas mostram tudo aquilo que já li, que já senti o cheiro só por palavras tuas. ouço o grave balançar do vento e o agudo cantar dos pássaros. na desenvoltura da nossa ginga poética. as letras correrão por entre nossos passos, embriagados de um licor tão raro quanto o sono. não desperdiçaremos uma noite sequer com os sonhos, estaremos ocupadas vivendo-os. contemplando o olhar triste da lua para as estrelas. suspirando o amor gélido do rio para com o céu. a dança maluca da lua na água e nossos corações, bailando ao som de Piaf.

ouves a minha loucura caindo no teu chão de mármore gelado? o jazz que vibra do outro lado da cidade é em teu nome. desfaço meus laços e entrego na tua porta tudo aquilo que perdi um dia. cava mais, cava mais. ah, tayná. há tayná. a tayná. não vive sem você, essa lua. nem brilham tanto, as estrelas solitárias. planetas atrevem-se a aparecer, mas aliens levam-os de volta para o seu sacro breu.

não ouse achar que um chá de sumisso é o melhor para nossa gripe. enjôo normal de quem muito se entregou. mate as vontades e escale esse poço de trás pra frente. a linha torta da vida minha, destigüe aquilo que ainda há-de viver-se. o suor preso nas veias, dançará no chão estrangeiro. sinta os ventos do amanhã, que o hoje não presta.

Um comentário:

poeta quebrado disse...

"enjôo normal de quem muito se entregou."

sabe se existe algo do tipo, meio crônico? pela maneira segura com que falou, parece que sei menos.




adorei muito.