quarta-feira, 18 de abril de 2007

o anel que tu me deste era de vidro e se quebrou.


Veloz e ácida, uma frase em mim permanece. corroendo e vomitando tudo por dentro. sou um mar de lixo, onde bóiam os ratos que procuram um pedaço de fungo. estás por toda a parte. marcando em grandes cartazes brancos, manchados de vermelho, as letras do teu nome. eu destruo a cidade-mulher na minha frente. não tenho culpa. nunca há culpa. ah. há?
Conjunto de palavras que trazem milhões de papéis picados. papéis cheios de tudo aquilo que deixei escapar pelos dedos. dedos melados,não de gozo, mas de saudade. porções mínimas de contentamento. Enquanto não me ouves, posso gritar. Naqueles sonhos-pesadelos há um quadrado preto. Qual era mesmo tua cor preferida? Bem, preto é mesmo todas elas. Assim como eu sou todo o amor de todos os homens e mulheres que te amaram. Sou também tudo aquilo que tu esqueceste de amar.
No teu deserto há tanto, mas tanto mar! O problema é que tua sede é por água potável. O muro? Eu destrui. Como Berlim, sabe? Levei meses-séculos para levantar aquele conjunto de tijolos e sangue para depois lamber tudo até o último grão. Pra te ver salvar, meu amor. Mas não adianta. Continuas assim, perdida no teu quarto de cortinas rasgadas.
Eu seria o verme da tua garrafa tanto quanto o brilhante da aliança. E o anel que eu te dei, em que dedo foi parar? Não há mais caminho nem casa. Só pedra. Só pedra. E não é daquelas que vende-se em lojas de materiais de construção e que viram algo altamente inflamável quando em contato com a água, não. Senão eu já teria explodido. Sopa de pedras. Tem aquela história e o meu jantar. Cai, arranha, leva.




não esqueço você.

Um comentário:

trini disse...

você escreve as coisas mais lindas do mundo, mas isso você já sabe.

e sim, aceitamos princesas maias com corações em pedaços neste hotel. (: