segunda-feira, 23 de abril de 2007

love you forever, but you're driving me insane.


o mofo das esquinas. lá está o teu sorriso e os beijos outrora meus. correm por lá, também, as pernas que dexei de olhar, por estar abstraída nos teus traços coloridos num papel fino demais. ouço tudo aquilo que eu disse. te descubro como uma narcisista bipolar e depressiva. era tão melhor assim. e tu, querido, podes ter o sorriso e o sexo mas eu, bem, eu tive a dor, a fragilidade, os medos, as lágrimas. eu tive a vida e tu só tens uma máscara. não me queixo deste um ano e um mês. meu deus, me orgulho. esse tipo de orgulho que desce pela garganta e molha o chão. é tão claro. dias assim eu nunca vou perder, eles só acontecem uma vez no ano. durante horas de sufoco pagão, eu olho minhas mãos fracas e choro de medo. a poesia dói, dói muito. não quero mais jogar-me no rio de navalhas. não quero teu sorriso nem nada. quero o ventre meu e alguns cigarros. nascer pra vida, enquanto morro pro amor. viro páginas. sopro abraços. mas nada chega. nunca será o bastante. não é? será que lembras? não sei. não sei. provavelmente não. mas é na cama que mais te sinto. ah, meu amor, a felicidade te estraga.

4 comentários:

Marcos Angeli disse...

viu as manchas nos teus joelhos?
eu os beijei até meus labios chegarem aos ossos.
mas só tem uma coisa em ti que eu não gosto.
é essa tua típica alegria de viver.

poeta quebrado disse...

ah, hoje foi dia Delas.
e quando é que não foi,
desde que abriram esse amor/corte que sangra tanto no peito de quem vive de sonhos? é, Poetisa, ser linda assim cansa. é revoltante saber que nunca foi negociado, não li nem lembro de ter assinado contrato. descubro em amor, trabalho escravo. não é mesmo o que eu via na televisão. segui teus passos e me cortei. mas não era essa a intenção? desde o início, eu vi de longe. vendei meus olhos e corri. não perdi as pernas por parar no vidro. e desde então não existe vida, só mutilação.

então me da tuas mãos fracas e chora tua poesia sobre a minha, amante-irmã, que eu te prometo todo o nada que Ela deixou pra mim.

Salve Jorge disse...

Falta o ar sob a água densa e escura
Reconfortante de tão gelada
E lá num fundo recôndido do abismo
Ninguém escuta o seu grito mais abafado
Enquanto ressoam suas expressões revoltosas..
O que é felicidade enfim?
Quando não há máscaras sobre nosso rosto?
Esse mar de lágrimas tanto lava quanto maltrata
E o que fazer se ela há de sorrir.. aquele sorriso tão belo.. que conheces cada canto amarelo..
Mais vale o lamento nesse perene tormento
Do que o gozo atento às vicissitudes que lhe perpassam ainda?..
Maior caos de sabor é ver voar o pássaro
Do que contê-lo entre os dedos sentindo a maciez de suas penas
Trague..
Deite-se..
"Break on throught to the other side"..
Não desista do amor..
Aceite apenas, com louvor, que ele é maior do que nós mesmos..
E como tudo nessa vida, não temos o menor controle sobre ele..
Sinta-se imersa na névoa..
Encontre minha devida simpatia expressa em olhos vermelhos..
Jà a muito não estou alheio
Perscruto seu meio, cioso de seus fins..
Os braços que a protegem são gloriosos só de tê-la
Assim como esvoaçam de magníficas suas curtas madeixas apenas por beijos dela teres recebido..
Honraria rara e recíproca entre musas olímpicas de tempos ancestrais..
E agora, minha cara musa.. resta-te apenas isso tudo que és..

Salve Jorge disse...

Falar-te-ei pelos significantes de outro poeta..

"Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus.."