sábado, 14 de abril de 2007

a anti-medicação.


até mais. ou menos. quantas vezes terei de beijar os mesmos pés? na loucura solta em passos de valsa, eu vivo. olhos pra cima e pescoço livre das cordas. tirem de mim o que nunca me pertenceu. oh cores de manhã preguiçosa! mataram meus filhos, um a um. uma imagem devastadora que comia com as pinceladas. camadas e camadas de petrificação do sangue e dos sentidos. estou até o pescoço, entupida de inquietação. comendo letras e rasgando sílabas. num som distante de quem não corre mais. ouves aqueles pássaros mendigando a nossa canção? que coincidência, faltou luz. nos livros me perco entre os nomes. meus amores começam com vogais. na linha do meu caderno há mais vermelho do que em todo o teu corpo. derramo-te por meus póros e lambo o suor que é tu derretida. no caos dessa vida citadina, há mais para se ver do que pra fazer. um leque de inexperiências minhas, todas tuas. essa dor, essa falta d'harmonia não é charme. é cotidiano, querida. quanto mais se cava, mais perto do nada se chega. não deixe que a lua pare de brilhar nem que o céu deixe de ser daquele tom. se comparas membros, não temo. nunca viste mesmo os meus. amor não se pede. já viu alguém fazendo piruetas nos sinais vermelhos e pedindo em troca amor? ou uma placa de um cego em que se dissesse : "por favor, estou definhando há meses e não consigo sossegar o peito que arqueja em dor. ando tão necessitado, mas tão necessitado de amor. pode me ajudar, senhora?senhor?" eu nunca vi nem ouvi falar. mas ando tão cega e surda que pode-se entender...


na nuca minha, gravado o desejo que não pára de salivar em tua pele. fecha a janela, a cortina. não é mulher nem menina. naqueles olhos que não mais brilham o fulgor do novo e a espera do sempre. de traz pra frente, de cabeça pra baixo. as iniciais dando pirueta. e eu nunca mostrarei esses poemas malditos que gritam juntos como um coral de torturados. trituraram minhas vontades e as serviram com pequenas porções de vodca. embriagadas seguem as tuas pegadas. e eu também. sigo o risco branco no céu incolor. vê aqueles dois aviões? vão colidir.



mas não... não...







talvez instalem semáforos no céu.

2 comentários:

Marcos Angeli disse...

na velocidade dos pássaros atômicos, ninhos de aço inoxidavel, me deixe entrar debaixo de tuas asas sujas de gás carbônico. O peso é surrealistico, minha leveza ocupa os espaços.

poeta quebrado disse...

"na linha do meu caderno há mais vermelho do que em todo o teu corpo. derramo-te por meus póros e lambo o suor que é tu derretida"




perfeito.