quinta-feira, 12 de abril de 2007

pierrot.


estou comendo minha própria falta de ar. já reparou nas horas? dias sem medicação me deixam amedrontada. o homem atrás da minha porta tenta conversar comigo mas só fecho os olhos e choro. onde foram parar aqueles balões que comprei outro dia? estão no chão, pisados por minha própria inquietação. não quero rimar. quero tirar de mim tudo aquilo que se pode colorir. perde os teus pincéis que perco os meus cílios. ao vento grito nomes que decorei meses atrás. não desejo, invento. talvez em minhas veias ainda borbulhe o teu sangue, mas quem fez o pacto fui eu. a minha fumaça está mais densa e aos poucos vou descendo pelo ralo. tão vermelha quanto minhas pegadas podem ser. coceira nos braços. mãos lavadas de tanto enxugar. cadê você que não aqui? puxa, é uma saudade daquelas que não se pode medir. comece indagando a vida e você acabará morto. chaves na mesa e estou trancada pra fora. música lenta que vai nadando por mim, mordendo minhas veias e estourando minhas artérias. não feche a boca para calar o silêncio! não, não. não! há tanta negação nas minhas curvas tortas que nem tenho mais força pra levantar da cadeira que nunca sentei. não sei como alguém pode controlar. você. não. eu. no espaço que sobra entre dois miocárdios, há a tentação do nada. retornando a comer as páginas do que fora, por hora, tudo aquilo que se sonhava. a transitividade dos meus verbos continua pedindo por preposições. pontes que liguem meus suspiros aos teus. aparece na calada da noite e me leva daqui. sequestra meus sentidos e traz o êxtase de volta pra mim. quero águas refletoras. páginas limpas de linhas e céus sujos de estrelas. não brilhe tanto, criança, quero teu brilho só pra mim. não havia tanta nuvem no céu há dez anos atrás, não é mesmo? não sei, você nunca esteve aqui e não sei se nosso céu é o mesmo. aí o céu é azul. aí o céu é azul.












eu te desafio a sobreviver.







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