sábado, 28 de abril de 2007

Poema à duas mãos.

Ainda vou me apaixonar por essa doença que vem dos teus olhos
Pra dentro de mim e se torna amor por ser tão câncer
E me alimenta de dor e medo por passar tanta fome
Depois de ver tuas fotografias, entendi o significado de Deus
Ele deve existir em alguma parte desse teu corpo febril e puro
Puro demais para sentir essa dor que nunca escondes

Ainda me perco em tua pele
Sem salvação ao derramar-me em teu corpo
Perfurando tua alma com flores
Caindo em pranto, pela ausência tua
No cálice do desejo nosso
Tão meu, que perco-me na loucura
De em teus braços, divina busca
Descansar a doença de minha poesia nua

Quero me vestir com tuas pétalas, flores saem dos ovos
Quebram a casca e a deixam pra trás
Tua pele quer nascer, por mim ela poderia cobrir o universo e as minhas paredes
Dá tua carne branca para meus negros devaneios indecentes
Tu és o cálcio de meus ossos
O sândalo que mancha de perfume o meu machado azul
O charme de tua tristeza revela-me a criança em ti
A lucidez te equilibra, quero uma queda sem fim
E um sorriso caso tenhas algum pra me dar

Então abra os braços!
Ouça o ruido das minhas asas
Nas ruas vazias de vida
No chão e nas vidraças
Estarei a observar-te
Colherás a minha vida derramada
No teu manto de virgem estuprada
Das viagens que nunca fiz
Posso subir até lá
Mirar as nuvens e te derramar até dormir
Ou gozar.
Ávidez planejada
Pedras marcadas
Uma ferida aberta
Subimos um pouco mais...

É assim que eu te quero, forte e instantânea
Com sabor de nuvens e olhos de lua
É assim que eu te quero pra mim
Suave e jovem como as noites mais tristes que já vi
Eu tenho ciúmes da solidão
Que anda tão próxima de você
Enquanto eu estou tão distante
Costure seus lábios no meu desejo
Porque ele é teu
E será sempre que quiseres assim
Domesticá-lo


(...)



Poema feito por Marcos Angeli [o gozo] e Eu [Tayná Borges]

2 comentários:

Tati disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tati disse...

Poema a duas mãos nos dá outra tarefa: descobrir de quem são os versos... Lindo poema... e acho que sei identificar alguns versos rabiscados pelo Marcos.